Há 15 anos: Senna sobrevive em Imola

Depois de sua espetacular performance no GP da Europa em um circuito de Donington Park chuvoso e encharcado dando à McLaren e a Ford sua segunda vitória em três corridas, Ayrton Senna finalmente queria firmar o acordo conforme as suas exigências: 16 milhões de dólares de salário, mais bônus. Incluindo o motor de primeira linha da Ford. E desta vez ele estava bem sério a respeito do assunto. E apesar do Prost dominar o fim de semana todo, para mim foi uma grande história para pesquisar em meu segundo GP como jornalista.


Quinta-feira geralmente é o dia em cada corrida quando os pilotos, engenheiros e as pessoas chave da Fórmula 1 chegam ao paddock para começar suas obrigações de trabalho. Ayrton Senna não estava em Ímola, ainda estava no Brasil. Telefonemas estavam sendo feitos, faxes sendo enviados de lá para cá entre Woking, Ímola e São Paulo. Era o meu segundo GP como jornalista e então era obviamente a história mais interessante da corrida que se aproximava. Ron Dennis estava realmente tentando explicar ao líder do Campeonato que seu suntuoso salário sugaria o orçamento da McLaren para desenvolver o programa de desenvolvimento da suspensão ativa do MP4/8. Senna, por outro lado, discutia que ele tinha marcado 26 pontos enquanto Michael Schumacher e Riccardo Patrese, os pilotos oficiais da Ford, tinham marcado apenas seis entre eles. E o novo garoto da McLaren, Mike Andretti não tinha marcado um ponto sequer. Então, era na realidade o seu talento de piloto que tinha assegurando aqueles pontos. Ele também achava que, em conseqüência dos seus resultados, a Ford deveria lhe providenciaria o motor VII, mantido exclusivamente pela Benetton.

Ainda não era nem tarde de quinta-feira quando Senna decidiu rumar para o aeroporto e pegar um vôo noturno da Alitalia.Uma vez em Roma ele pegou o jato Challenger da equipe McLaren para Bologna e de lá ele foi de helicóptero para Ímola, chegando de moto com cinco minutos antes da primeira sessão de treinos começar. Ele teve uma série de incidentes nos testes e na classificação, assim como Andretti, devido à suspensão ativa enigmática. Apesar de tudo ele assegurou o 4º lugar atrás das dominantes Williams-Renaults de Alain Prost e Damon Hill assim como da Benetton-Ford de Schumacher. Então vieram a Sauber de Karl Wendlinger, Andretti, a Ligier-Renault de Mark Blundell e, para desapontamento geral da turma de fãs locais, as Ferraris de Gerhard Berger e Jean Alesi. Martin Brundle completou o top 10 com mais uma Ligier-Renault.

Um aguaceiro de meio-dia ensopou a pista para a corrida e embora tenha parado de chover ela ainda estava molhada para a largada. Prost arruinou sua largada permitindo que Hill e Senna o ultrapassassem, o dono da pole agora estava apenas em terceiro à frente de Schumacher e Berger, que tinha mostrado uma impressionante largada. Na virada para Tosa a Ligier de Blundell de repente derrapou em direção ao muro em alta velocidade. Na Tosa Patrese bateu com força e rodou, incapaz de se recuperar, foi forçado a abandonar. Prost começou a pressionar Senna durante sete voltas até que o francês foi finalmente capaz de fazer uso de sua máquina superior e realizar a ultrapassagem em um segundo. Com a pista secando Senna foi o primeiro a parar para colocar pneus slicks. Hill realizou uma abordagem diferente, talvez esperando mais chuva, parou mais tarde e perdeu a maior parte da liderança que teve que recuperar. Senna estava bem atrás do inglês, com Prost em terceiro. Na Tosa Prost fez uma manobra audaciosa e ultrapassou os dois de uma só vez, com Senna o seguindo e deixando Hill em terceiro. Para piorar as coisas para o britânico, ele deslizou para fora da pista na volta 21, na Tosa por causa de um problema nos freios. Schumacher herdou a terceira colocação, Wendlinger estava agora em quarto à frente de Andretti e Alesi. Novamente nenhum ponto para o americano já que ele derrapou na volta 32.

Na volta 43 a fina demonstração de Senna terminou com uma dramática falha da suspensão ativa da McLaren na curva Villeneuve, um trecho de velocidade máxima, deixando Senna com um olhar muito sério ao retornar para os boxes a pé. “Hoje eu tive sorte por sobreviver. Foi um grande susto”. Eu estava entre aqueles que o ouviram dizer isso e confesso que na época eu acho que ele pode ter dramatizado demais o acidente. Um ano depois nós poderíamos comprovar que, de fato, ele tinha tido um tipo de sorte que teria precisado desesperadamente em 1994 na Tamburello. Atrás Prost, em seu caminho para sua segunda vitória na temporada e estabelecendo uma série de novos recordes, era uma questão de boa sorte e má sorte. Schumacher herdou a 2ª posição de Senna, Brundle herdou a 3ª posição devido aos problemas de embreagem de Alesi e a quebra do motor de Wendlinger permitiu o seu companheiro de equipe, JJ Lehto de ultrapassá-lo.

No estágio final da corrida o finlandês estava envolvido em uma batalha maior com as duas Lotus de Johnny Herbert e Alessandro Zanardi. O italiano foi brilhante largando de 20º no grid para ultrapassar ambos pelo 4º lugar. Mas um erro rachou o revestimento da caixa de câmbio sobre uma freada causando um grande incêndio, e foi isso para Aless com 9 voltas para o final. Seu companheiro de equipe não foi tão melhor, na volta 58 o motor Ford estourou. Então Lehto estava rumo ao 4º lugar quando seu motor, como o de Wendlinger anteriormente, estragou. Acontece que ele manteve o quarto lugar por ter completado maior distância do que Philippe Alliot (Larrousse-Lamborghini) e Fabrizio Barbazza (Minardi) que terminou em 6º vindo da última colocação do grid e pela segunda vez em duas corridas conseguiu fazer um ponto. Analise isso: Depois de quatro corridas a minúscula equipe de Faenza já conquistou cinco pontos, a Ferrari nenhum…

Grande Premio de San Marino de Formula 1, Imola, Italia.

Pole Position: Alain Prost, Williams FW15C-Renault, 1m 22.070s, 221.080 km/h (137.402 mph) de média.

Race Result: Vencedor – Alain Prost, Williams FW15C-Renault, 61 laps x 5.040 km (3.132 miles) = 307.440 km (191.075 miles) total de distância da corrida em 1h 33m 20.413s.

2) Michael Schumacher, Benetton B193B-Ford + 32.410s
3) Martin Brundle, Ligier JS39-Renault + 1 volta
4) J.J. Lehto, Sauber C12-Ilmor + 1 volta, defeito motor
5) Philippe Alliot, Larrousse LC93-Lamborghini + 2 voltas
6) Fabrizio Barbazza, Minardi M193-Ford + 2 voltas

Melhor volta: Alain Prost, Williams FW15C-Renault, 1m 26.128s na volta 42 = 210.663 km/h (130.928 mph) de média.

Marcos entre os pilotos:

– Alain Prost vencee 46 GP (novo recorde)
– Alain Prost terminou 97 GPs no pódio (novo recorde)
– Alain Prost terminou 118 GPs no Top 6 (novo recorde)
– Alain Prost marcou 37 melhores voltas em GPs (novo recorde)
– 245º GP de Riccardo Patrese (novo recorde)
– 50º GP de J J Lehto

Marcos entre as equipes, construtores e fornecedores:

– 500º GP de F-1 da Williams
– 50ª volta mais rápida da Renault como fabricante de motor

Ein Gedanke zu “Há 15 anos: Senna sobrevive em Imola

  1. Chega a ser difícil imaginar uma equipe hoje dominante, como é a Ferrari atualmente, podia ter um desempenho tão sofrível naquela época.

    Acho que só dá pra ter saudades dos berros dos motores V12.

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