Há 30 anos: Andretti marca o território

Mario Andretti, JPS Lotus 78-Cosworth

Sempre que Mario Andretti liderava uma corrida, era praticamente impossível alcançá-lo. Nas brigas por posições, no entanto, parecia sentir-se menos à vontade, até cometendo erros estúpidos. Aparentemente o ítalo-americano refletiu sobre isto entre as temporadas e decidiu que só precisava dominar a 1ª etapa em Buenos Aires para começar a temporada com uma vantagem.

No grid nota-se também uma série de novas situações e relações. Bernie Ecclestone, por exemplo, conseguiu convencer o campeão mundial Niki Lauda a trocar a Ferrari pela Brabham, agora patrocinada pela Parmalat, oferecendo lhe o novo BT46 do lápis do desenhista talentoso Gordon Murray, equipado com um motor 12 cilindros da Alfa Romeo. A própria Ferrari mudou de fornecedor de pneu, escolheu a Michelin para equipar seus novos 312T3 e substituiu o austríaco com o jovem canadense Gilles Villeneuve ao lado de Carlos Reutemann.

Um desentendimento bem divulgado entre Ronnie Peterson e Colin Chapman em 1975 levou-o a abandonar a equipe e parecia pouco provável que o sueco jamais retornaria para a Lotus. Mas é o que aconteceu, os dois fizeram as pazes e Ronnie trocou a Tyrrell pela Lotus para 1978, mesmo com a condição que Andretti já tinha sido como numero um para a temporada de 1978. Ronnie prometeu ser paciente e obediente, visando em poder brigar pelo titulo em 1979.

Didier Pironi,Tyrrell 008-Cosworth

Com Peterson indo para a Lotus, Ken Tyrrell contratou o jovem francês Didier Pironi, apoiado pelo patrocinador Elf. A equipe desistiu de dar continuação ao conceito do F1 de seis rodas e surgiu com o modelo 008, um chassi bastante convencional. A Williams Grand Prix Engineering contratou Alan Jones e Patrick Head construiu o FW06, a McLaren substituiu Jochen Mass com Patrick Tambay e o alemão se juntou aos conterrâneos da ATS, cujo proprietário Günter Schmid tinha comprado todo o estoque da March e apresentou um novo chassi, o HS1, ainda de autoria do Robin Herd.

A Wolf Racing continuou com Jody Scheckter, mas teve que iniciar o ano com o carro de 77. Clay Regazzoni e Hans Stuck, que tinha perdido a sua vaga na Brabham para Lauda, são a nova dupla da Shadow e a Ensign aparece com o havaiano Danny Ongais e Lamberto Leoni. A decadente Hesketh viu Rupert Keegan partir com o patrocínio da British Air Ferries para a Surtees e contratou Divina Galica para substitui-lo. Ao lado de Keegan na Surtees continuava Vittorio Brambilla e Brett Lunger pilotaria novamente a McLaren M23 da BS Fabrications.

Eddie Cheever, Theodore TR1-Cosworth, 1978

O milionário Teddy Yip do Macau com a sua Theodore Racing estréia o chassi TR1 construído por Ron Tauranac com o jovem Eddie Cheever de 20 anos ao volante. E dois pilotos decidiram imitar os irmão Fittipaldi e criar suas próprias equipes, o mais notável esforço sendo o do italiano Arturo Merzario, que produziu com o A1 um chassi próprio e Hector Rebaque comprou uma Lotus 78 de Colin Chapman para montar uma equipe mexicana.

A largada viu Andretti assumir a liderança da pole e sumir na distancia sem jamais ser incomodado. Reutemann só conseguiu manter o 2º lugar durante sete voltas, quando foi ultrapassado por Watson, que por sua vez já tinha deixado Lauda e Peterson pra trás. Watson parecia tranqüilo em 2º lugar, quando a três quartos da distancia seu motor começou a perder rendimento devido a superaquecimento. Lauda assumiu a posição seguido de Depailler, o francês da Tyrrell mostrando uma excelente corrida passando por Hunt, Laffite, Peterson e Reutemann e ainda pressionando o austríaco até a bandeirada.

Grande Premio de Formula 1 da Argentina de 1978, Buenos Aires

Pole Position: Mario Andretti, Lotus 78-Cosworth, 1m 47.750s

Resultado final: Vencedor – Mario Andretti, Lotus 78-Cosworth, 52 laps x 5,968 km (3.708 milhas) = 310,336 km (192.816 milhas) distancia total em 1h37m04.470s.

2) Niki Lauda, Brabham BT46-Alfa Romeo, + 13,21s
3) Patrick Depailler, Tyrrell 008-Cosworth, + 13,64s
4) James Hunt, McLaren M26-Cosworth, + 16,05s
5) Ronnie Peterson, Lotus 78-Cosworth, + 1m13.850s
6) Patrick Tambay, McLaren M26-Cosworth, + 1m18.900s

Melhor volta: Gilles Villeneuve, Ferrari 312T3, 1m 49.760s na 3ª volta = 195,750 km/h (121.629 mph) de media.

Destaques entre os pilotos:

– 100º GP de Emerson Fittipaldi

– 10º GP de Patrick Tambay

– 10ª pole position de Mario Andretti

– 1ª melhor volta da carreira de Gilles Villeneuve

– Estréia dos pilotos Eddie Cheever e Didier Pironi

Destaques entre os construtores e fabricantes:

– 150º GP de motores Alfa Romeo

– 1ª melhor volta em corrida de pneus Michelin na F1

– Estréia das equipes Merzario, Rebaque e Theodore

21 Gedanken zu “Há 30 anos: Andretti marca o território

  1. Mario, eu realmente tava elogiando o texto. E se deu a impressão de ser uma crítica me desculpe. Só tinha aquele errinho mesmo.

  2. Excelente, tá melhor do que o meu texto sobre este mesmo GP. contudo, tenho que te dizer isto: os Arrows não se estrearam na Argentina, foi somente no Brasil, e com Patrese ao volante. Stomellen pegaria no carro em Kyalami. E nem me lembrava que o Teddy Yip se tinha aventurado no seu próprio chassis neste mesmo GP…

  3. Foi somente na etapa do Brasil. Essa foto foi tirada no Rio de Janeiro durante aquele evento.

  4. Puts, não é que o Speeder tem razão? Foi conferir mais fontes e realmente, a Arrows só estreou no Brasil, de onde surge essa foto. Tá dificil querendo enganar essa galera.

    E também não adianta querer fazer as coisas na pressa. E Wallace, não entendi de forma ofensiva. Eu memso que tenho meus padrões e ultimamente tá dificil mantê-los. muita coisa acontecendo…

    Mas já que vou ter que redigir o texto, aceito sugestões por trás da história da Varig patocinar os gringos, não algum piloto brasileiro…

  5. Não foi essa Arrows que era idêntica a Shadow? e que a coisa foi até parar em tribunal? Ou essa história aconteceu no anterior (com um modelo quase identico a esse mas com o bocal de entrada dividido no meio). O tal julgamento se não me engano não deu em nada

    Acho que o tal patrocinio da Varig foi porque a equipe não tinha grana nem para pagar o transporte de avião….

  6. Ei, Brar, tá me estragando o itinerário!!! Essa mesma, assunto a ser abordado ainda mais pra frente…rsrs

    E esse chute sseu é o que também creio, mas não tenho certeza. Alguém de vocês liberou o cheque na época?

    P.S. Como consertei a burrada, confiram a nova fotinha, quem vier agora vai entender bulufas…

  7. Ops! Vou mudar o intinerario então, Mario. Obrigado pela resposta e pelo Blog.

    Realmente é muito legal relembrar as coisas aqui. Tem cada detalhe que nem sei porque vem a cabeça e tenho vontade de tocar no assunto mesmo sabendo que você e uns 99% do blog já sabe.

    Esse capacete do Mario Andretti era só prateado aí ele foi patrocinado pela Viceroy (cigarros cóf cóf ccóf, como a marca com um nome desses não deve existir mais, acho que posso falar) e a faixa vermelha com ponta em „v“ ficou super bonita combinado com prata. Depois que acabou o patrocínio ele tirou a marca, mas continuou com a faixa. Acho que foi a primeira vez que vi alguém mudar a decoração do capacete, coisa que era uma assinatura sagrada e imutável do piloto. Naqueles tempos Se um piloto mudasse de capacete era a mesma coisa de não saber quem era quem ….o cara perdia a identidade.

    Como as coisas mudaram! O iconcebível para uma época agora é corriqueiro. O Schumacher foi primeiro a mudar a cor do capacete para aquele vermelho („por que amo a Ferrari“) . Virou noticia e agora parece que virou moda mesmo(Alonso, Kimi etc.). Manter insígnia se tornou algo insignificante….(prefiro ser uma metamorfose ambulante…)
    Putz que falta do que fazer…

  8. Olá Ituano Voador, meu nome é Roberto Perez e tive um grande amigo de juventude com o nome de Vitório Marghieri que estudou na FEI, morava na moóca, irmão do Ítalo, fui seu padrinho de casamento. Será o mesmo?
    Por favor entre em contato comigo, gostaria muito de me comunicar com ele!
    Grato

    Roberto

  9. Oi, Roberto!

    Somente agora vi o seu post… você está falando de meu pai, mesmo. Puxa, que legal! Entre em contato comigo pelo email fabiomarghieri@uol.com.br, que eu repasso ao meu pai para fazer essa ponte.

    Abraço

    Fabio

Hinterlasse einen Kommentar